UMA ENTREVISTA DE
Hugo Albuquerque e Gabriela BarizonO jornalista palestino Mohammed Omer veio ao Brasil, pela primeira vez, para uma agenda na Festa Literária Pirata das Editoras Independentes (FLIPEI), e ficou uma semana em São Paulo, onde realizou debates, entrevistas e encontros com sindicatos e movimentos sociais. Natural de Gaza, Omer denuncia o genocídio em curso sem deixar de nos interpelar com um olhar sensível sobre a vida na sua terra natal – “ali vivem pessoas que amam, choram, ouvem músicas, plantam, trabalham”, lembra ele.
Assim, Omer nos conduz pelas plantações de morango e flores de cravo em Gaza para ilustrar a vida que brota pelos poros daquela terra resistente e martirizada. Autor de Em estado de choque – sobrevivendo em Gaza sob o ataque israelense (Autonomia Literária, 2017), Omer já havia contado ao mundo sobre as barbaridades que Israel praticava em Gaza, mas agora ele tem um desafio duplo, diante da gravidade da situação.
E é nesse tom que Omer fala à Jacobina, abordando temas como o que foi sua infância em Gaza, o genocídio palestino, a necessidade de reforma do sistema internacional, o futuro das Nações Unidas, o Sul Global, a libertação da Palestina, a surpresa com o Brasil e a nossa efervescência cultural, a crise da Europa e do Ocidente e seu novo livro On the pleasures of living in Gaza [Sobre os prazeres de viver em Gaza].
GB/HA
Bem-vindo ao Brasil, Mohammed. Por favor, nos conte sobre os campos de morangos de Gaza.
MO
Bem, vou começar pelos belos dias quando os camponeses de Gaza costumavam se sentar calmamente às margens das estradas para, assim, esperar os caminhões que levariam seus produtos para o mundo exterior, principalmente para a Europa. Era uma época linda, em que os palestinos podiam exportar flores de cravo e morangos para o mundo.
Os morangos de Gaza são do melhor tipo, inclusive eles têm o GAP, um certificado global para práticas sustentáveis na agricultura – e, assim, têm muita demanda, embora em muitos períodos, Israel não permitisse a exportação deles. E quando Israel permitia, os morangos de Gaza muitas vezes já não podiam ser consumidos por seres humanos, uma vez que ficaram parados em trânsito por muito tempo. Eis a vida em Gaza para produtores de morango e produtores de cravos. Isso dá esperança no futuro de Gaza, uma vez que, desse modo, ela pode se sustentar.
GB/HA
Você nasceu em Gaza. Como era sua vida? Como era viver em Gaza?
MO
Eu nasci e cresci em um campo de refugiados no sul da Faixa de Gaza, em Rafah. Eu comecei a trabalhar aos seis anos de idade, quando criança, porque queria ter certeza de que sustentaria minha família, e isso era muito importante para mim. Mas eu tinha sonhos, aspirações de criança e queria realizar eles. Só que eu trabalhava vinte horas, sem conseguir dormir por horas, fazendo malabarismos entre uma escola e dois empregos para sustentar minha família. Mas eu era só um exemplo de muitos.
Outro dia, eu estava assistindo televisão e vi um garoto vendendo pipoca em Gaza, então disse para mim mesmo: sou eu, exatamente como eu era há 30 anos atrás. Aquele garoto que estava vendendo pipoca na rua era exatamente eu. Eis o pequeno Mohammed, como em um filme. Se você cavar mais fundo nele, verá o medo dentro dele. Porque não há nada sob seu controle.
“A incerteza é grande na Palestina, onde há pessoas que podem ser assassinadas enquanto procuram água, tentam conseguir assistência médica ou, agora, enquanto fazem fila para usar o banheiro.”
Nas casas palestinas você encontrará histórias como um pai preso, uma das crianças que foi morta, várias crianças que estão paralisadas, uma casa demolida, ou alguém que está do lado de fora e não tem permissão para voltar – ou pior ainda, você se apaixona por uma moça de fora ou o contrário… uma moça se apaixona por um cara do Egito e eles não são autorizados a retornar. Então, há uma luta diária que é, realmente, limitante e estrutura o modo de vida dos palestinos.
A incerteza é grande na Palestina, onde há pessoas que podem ser assassinadas enquanto procuram água, tentam conseguir assistência médica ou, agora, enquanto fazem fila para usar o banheiro, o que é algo que nunca vimos antes – as filas nos banheiros são enormes. Eu estava falando com uma pessoa em Gaza outro dia e o número dela na fila era 204! 204! Ela teria que esperar oito horas na frente de um banheiro. Imagine.
É tão básico isso. Pense no sul da Faixa de Gaza, logo quando Israel empurrou todas as pessoas para lá como uma “zona segura, humanitária”. Vamos lembrar que, para cada cinco mil pessoas, havia apenas um banheiro. Pense nisso. Cinco mil pessoas para um banheiro. Posso garantir. Das cinco mil, haverá 300 já na fila esperando pelo banheiro.
Então o que Israel fez nesta guerra foi criar uma situação na qual os palestinos têm que lutar diariamente para conseguir pão, água, assistência médica e etc.
GB/HA
Os países ocidentais falam sempre de uma posição de superioridade moral, mas eles estão apoiando esse desastre. O que pensa disso?
MO
Bem, o estágio atual do genocídio na Faixa de Gaza, na Cisjordânia e em Jerusalém Oriental mostra que o Ocidente falhou. No momento em que esses países estão permitindo uma guerra, um genocídio, uma campanha de destruição em massa e ficam em silêncio sobre tudo isso, eles se tornam parte dos culpados.
“Todas essas ameaças à liberdade de expressão na Alemanha, onde você não tem permissão para segurar faixas que pedem cessar-fogo. Isso nos diz algo sobre a ascensão da extrema direita.”
Sim, hoje é Gaza. Amanhã será em mais algum lugar, talvez não muito distante do Ocidente… a propósito, quem já pensou que teríamos essas manifestações de extrema direita no Reino Unido? Teríamos esses tumultos na França? Todas essas ameaças à liberdade de expressão na Alemanha, onde você não tem permissão para segurar faixas que pedem cessar-fogo. Isso nos diz algo sobre a ascensão da extrema direita e é realmente alarmante.
GB/HA
O que podemos esperar do futuro? Sobre a esperança e a luta em Gaza?
MO
Minha resposta é muito básica sobre isso. Como sabemos, há o direito internacional. Ela ainda está lá. Não queremos que o direito internacional fique parado e acumulando poeira. O que queremos era que ele fosse mais eficaz para, assim, dar aos palestinos os direitos de determinar seu futuro. Autodeterminação é algo essencial aqui. Então, estamos falando sobre a solução de dois Estados como o único caminho para uma paz sustentável.
Isso significa colocar os palestinos e os israelenses lado a lado. Agora, bem, o atual governo israelense – representado por Ben-Gvir, Netanyahu e Smotrich – não permite uma vida digna para os palestinos. Essa é a grande questão. Acho que as ações deles visam cancelar todos os compromissos da solução de dois Estados, incluindo os Acordos de Oslo, que já tem mais de trinta anos.
Estamos olhando hoje para uma situação em que Israel está fazendo uma escolha. Ou seja, há apenas um Estado, e esse é o Estado de Israel. Não é algo da história moderna o que está sendo feito, mas algo baseado em um pensamento de três mil anos atrás. Hoje, as pessoas devem ser capazes de decidir por si mesmas, seguindo em frente, com suas aspirações e sonhos. Falemos sobre sonhos nacionais. O direito à autodeterminação dos palestinos.
“A propósito, essa guerra não começou em outubro de 2023, mas em 1948, quando os palestinos foram expulsos de seus lares.”
Gaza está vivendo sob uma situação humanitária horrenda, como disse. Israel foi muito claro desde o início de outubro do ano passado. E, a propósito, essa guerra não começou em outubro de 2023, mas em 1948, quando os palestinos foram expulsos de seus lares. E nós estamos vendo uma realidade muito sombria, na qual as pessoas estão privadas dos seus direitos mais básicos: direito à alimentação, direito à água, direito à educação, acesso a cuidados de saúde etc.
Hoje pela manhã, eu estava falando com algumas pessoas que sofreram ferimentos na última semana. Pense em uma criança que teve um par ou dois amputados, duas pernas sem anestesia, sem analgésico. Isso é o que realmente resume a situação atual.
Mas os palestinos são um povo cheio de esperança. Eles querem ser reconhecidos, querem se sustentar e poder viajar livremente. E isso tem sido uma longa busca por nossa própria identidade, seja no exílio como palestinos, ou no nosso território, na Faixa de Gaza, na Cisjordânia e em Jerusalém Oriental.
GB/HA
O Brasil tenta há tempos, sem sucesso, reformar o Conselho de Segurança das Nações Unidas, que se mostra insuficiente para lidar com as crises e catástrofes globais. Mas o sistema se mostra resiliente. Será possível encontrarmos uma solução para Gaza dentro da atual ordem internacional?
MO
Permitam-me começar pela primeira parte da questão. As Nações Unidas (ONU) não são apenas uma entidade, mas uma coletividade de Estados membros liderados pelo Conselho de Segurança. Então o que precisamos fazer é garantir que o sistema da ONU seja reformado. E o que precisamos fazer é torná-lo mais responsável, garantindo que esse sistema não represente apenas a maioria ou os vencedores, que emergiram das grandes guerras, isto é, os cinco membros permanentes do Conselho de Segurança.
O Conselho de Segurança precisa ser reformado integralmente em suas funções para decidir sobre a paz e segurança no mundo inteiro. Desde a pandemia, a resposta do Conselho de Segurança é muito fraca, na minha visão. A segunda parte da questão é: como fazemos isso? O que é necessário?
Penso que chegou a hora de reestruturar, reorganizar, reformar a atual ordem internacional, que tampouco está nas mãos dos Estados Unidos, uma vez que eles a perderam. Eles estavam tentando bancar o mediador, mas não fazem parte de nenhum esforço de mediação. Eles fizeram parte da viabilização da guerra que permite que Israel faça exatamente o que faz.
“Acho que precisamos deixar bem claro e os Estados Unidos precisam entender que seu papel como mediador não é mais aplicável.”
Nós todos vimos o episódio de Bibi Netanyahu sendo recebido no Congresso dos Estados Unidos sob aplausos. Isso tudo foi orquestrado para normalizar a guerra em Gaza. Acho que precisamos deixar bem claro e os Estados Unidos precisam entender que seu papel como mediador não é mais aplicável.
Nós precisamos de outros jogadores que entrem em campo com alguma neutralidade, dignidade e inclusividade para e com os palestinos. Poucos dias atrás, por exemplo, houve um encontro em Roma a respeito do cessar-fogo. Todos estavam presentes, todas as potências. Mas adivinhem quem estava faltando? Os palestinos. Eles não estavam na mesa.
Nós estamos falando de cessar-fogo e convidaram todas as potências, exceto as vítimas disso, os palestinos. Essa ordem precisa mudar.
GB/HA
Mas a ONU ainda é recuperável?
MO
Acho que é possível salvar as Nações Unidas. Acho que o Sul Global precisa ser fortalecido dentro das Nações Unidas. Ele precisa trabalhar conjuntamente para ter uma visão e voz unificadas sobre o futuro do mundo.
“Penso que nós devemos advogar não como Estados membro isolados, mas sim em blocos como, por exemplo, América Latina e Caribe juntos, chegando com uma agenda de reforma unificada para o Conselho de Segurança.”
É preciso realmente olhar mais – muito mais – para os desafios que estamos enfrentando, sejam guerras, mudanças climáticas, desigualdades sociais, desigualdade de gênero, a erradicação da pobreza e etc. Precisamos lidar com muitas dessas questões, e não vejo governos que consigam fazer isso sozinhos. Precisamos de uma plataforma como a ONU, mas o formato atual dela não é suficiente.
Penso que nós devemos ser mais claros e advogar não como Estados membro isolados, mas sim em blocos como, por exemplo, América Latina e Caribe juntos, chegando com uma agenda de reforma unificada para o Conselho de Segurança – cuja forma de operação nos coloca em meio a tantos desafios, gargalos e obstáculos em relação à paz e segurança internacionais que não há espaço justamente para sugerir uma reforma da ONU.
Havia um espaço, acredito, antes da Covid-19. Mas agora, após a pandemia, com várias crises ligadas às mudanças climáticas e todas as questões de conflitos, guerras e os deslocamentos em massa de migrantes entre as diferentes regiões, creio que há um grande desafio aqui. E os apelos por uma reforma do Conselho de Segurança, provavelmente, não serão ouvidos, mas eu acho que ainda é hora de regiões como América Latina e o Caribe, realmente, formarem uma unidade de lobby para começar a impulsionar essa mudança.
GB/HA
Bem, estamos muito tristes e preocupados com a Europa. As notícias que vêm de lá nos últimos dias são terríveis, como já falamos, com tumultos racistas e xenofóbicos. Você vive parte do seu tempo na Holanda, em suma, é um palestino que vive na Europa. O que você sente sobre isso?
MO
Nos últimos dois ou três anos foi difícil. Mas agora, na Europa, é possível se encontrar muito com palestinos que são capazes de mobilizar ações e ir para as ruas lutar por apoio. Há manifestações diárias na maioria das capitais europeias sobre o que está acontecendo na Palestina.
Então há uma mudança nessa frente. Mas ainda há muita pressão a se fazer quando se trata de exigir um cessar-fogo. É claro, algumas capitais continuam a não permitir que manifestantes palestinos, ou pró-Palestina, apoiem a causa palestina. Agora, falando de modo geral, há muita conscientização por lá, alguma música e vida.
Contudo, posso dizer uma coisa com segurança: o Brasil não deve nada – e até supera – as demonstrações e atividades culturais do Ocidente. Vocês têm calor humano, vida e pessoas que interagem umas com as outras. Vocês têm comunidades que se misturam, em muito mais harmonia do que no Ocidente – que depois da Covid se tornou um conjunto de sociedades ainda mais individualistas do que já eram. Então isso é algo que me parece uma diferença.
Essa grande diferença, de fato, entre o Ocidente e o Brasil ou a América Latina. Isso é algo que eu sinto, e fico muito feliz de ver agora essa expressão cultural daqui ao vivo. Essas formas de engajamento e integração uns com os outros, formas de falar, pessoas compartilhando comida, pessoas se importando uma com as outras e etc.
É muito bonita essa diversidade. Não há uma aparência típica de brasileiro, ou um jeito de ser, diferentemente dos países europeus. Aqui é muito diverso, tudo é uma imensidão, bonito, arrebatador. É assim que a humanidade deveria ser realmente. Não devemos nos fechar dentro de nós mesmos.
“Adoro como isso mostra a integração das pessoas aqui no Brasil. Na Europa, entretanto, não tem isso. Esqueça. Na Europa, talvez alguém tenha visto você, mas provavelmente não lhe dirigirá uma única palavra.”
Eu vejo um lar aqui, porque existe um amor fraternal, amizade e se produzem conexões. Eu sou como vocês, ando com você nas ruas aqui e, então, em todo lugar alguém vem cumprimentá-los espontaneamente. É como no Oriente Médio, pessoas vindo cumprimentar e conversar e dizer “oh, eu vi você na televisão dizendo isso, mas eu pensei que você poderia fazer mais assim”.
Adoro como isso mostra a integração das pessoas aqui no Brasil. Na Europa, entretanto, não tem isso. Esqueça. Na Europa, talvez alguém tenha visto você, mas provavelmente não lhe dirigirá uma única palavra. Essa é a beleza da cultura brasileira. Afinal, vivemos a vida e a beleza disso e onde os brasileiros estão tirando o melhor proveito dela. E isso é algo que não vemos mais em muitas partes do mundo. Estou feliz em ver isso aqui e vivenciar isso em primeira mão.
GB/HA
Qual chamado para ação ou mensagem você deixaria?
MO
O que realmente importa como um chamado à ação é mobilizar o governo brasileiro, para fazer sua voz ser ouvida. Quer dizer, não estou falando do público brasileiro, porque no momento em que você menciona Palestina na rua, o coração de todos está na mesma batida. Sim. Vamos apenas não nos enganar.
Eu amo a solidariedade do povo brasileiro com Gaza, com a Palestina, com o mundo árabe. Podemos contar com essa solidariedade. Mas o que precisamos é de mais ação neste cenário em que Israel, há pouco, matou 90 palestinos na assim chamada zona humanitária de segurança. O Brasil se manifestou e apoiou os direitos dos palestinos e condenou o ataque aos civis.
“Precisamos procurar maneiras de fortalecer as conexões sindicais entre a Palestina e o Brasil. Essa é uma forma de fortalecer os laços diplomáticos.”
Acho que precisamos mais disso. E precisamos procurar maneiras de fortalecer as conexões sindicais entre a Palestina e o Brasil. Essa é uma forma de fortalecer os laços diplomáticos. Também é preciso termos estudantes de intercâmbio que vêm e vão, para que os brasileiros possam ir para lá. E eu realmente espero que o Brasil consiga dialogar com os países vizinhos da Palestina e ver o que eles podem fazer, sobretudo para negociar alguma facilitação das missões médicas, por exemplo.
Acredito que todos esses são bons passos que permitirão ao Brasil se aprofundar e se aproximar do povo palestino, entender as preocupações e levá-las de volta para casa, usando-as como parte de seu trabalho político para apoiar os direitos dos palestinos e a criação de um Estado palestino.
GB/HA
Uma última questão: você pode falar sobre o seu novo livro?
MO
Meu novo livro, On the pleasures of living in Gaza [Sobre os prazeres de viver em Gaza] é totalmente oposto ao Em estado de choque, que vocês publicaram, porque ele falará sobre a vida, não sobre a morte. A ideia é falar sobre os morangos e flores de cravo que Gaza gera.
Narrativas como essa são algo que não se vê muito nas notícias. Você não ouve que há alguns nerds de música que estão sentados em algum lugar nas tendas, ou nas ruínas de suas casas demolidas, e eles vão se conectar à internet. Eles aproveitam a menor das oportunidades, vão para longe para se conectar e baixar a música e voltam para as ruínas de suas casas demolidas, porque eles querem essa conexão com a cultura lá fora.
“As pessoas simplesmente saindo para a praia para aproveitar um dia quente no qual não há eletricidade, porque desde 2006, como sabemos, Israel explodiu a companhia elétrica.”
E isso diz a todos que os palestinos amam a vida, querem viver, aproveitar a vida. E isso é realmente herdado em nossa cultura como palestinos. Então é isso que eu capturo no meu livro Sobre os prazeres de viver em Gaza. Eu foco na vida das pessoas comuns, casos amorosos, onde está a cultura, a música, o teatro, os museus, a decadência, todas as expressões culturais ou, ainda, as pessoas simplesmente saindo para a praia para aproveitar um dia quente no qual não há eletricidade, porque desde 2006, como sabemos, Israel explodiu a companhia elétrica – e desde então, a Faixa de Gaza não tinha mais eletricidade regular, só por quatro ou seis horas por dia, embora agora seja zero.
Então, eu lanço esse olhar e foco nesses pequenos prazeres escondidos. Então é mais sobre humanizar a narrativa palestina, mostrando que os palestinos são pessoas comuns e normais. Elas não são sanguinárias. Elas não são terroristas nem martíris. Elas são pessoas que merecem estar em seu próprio país, ter autodeterminação e, mesmo assim, enquanto elas estão lutando por isso, aqui estão algumas das alegrias que elas têm, tentando aproveitar de vez em quando o máximo que podem.